Veja as mortes suspeitas do período da ditadura que ainda estão sem esclarecimento

A morte do educador Anísio Teixeira ocorreu de forma misteriosa. Teixeira foi reitor da UnB em 1963 e, em 1964, foi cassado pela ditadura. Em março de 1971, o corpo dele foi encontrado no fosso do elevador do prédio do amigo Aurélio Buarque de Holanda. A versão oficial é que ele foi vítima de um acidente

Carlos Marighella foi morto em uma emboscada feita pelos militares em 1969. Durante muito tempo, a versão oficial para a morte de Marighella era a de que, em uma troca de tiros entre ele e a polícia, o guerrilheiro fora atingido. Tempos depois, foi esclarecido que, na verdade, Marighella foi alvejado dentro do carro em que estava e que nenhuma bala tinha saído de dentro do veículo

Além disso, também ficou provado que os militares tinham mexido na cena do crime, movendo o corpo de Marighella. Depois de matar o guerrilheiro, a equipe do delegado Sérgio Fleury (um dos mais temidos da ditadura) tirou o corpo de Marighella do carro, fez uma revista e depois colocou o corpo de volta no carro. Só então a cena foi liberada para fotos

O jornalista Edmur Péricles de Camargo, o Gauchão, estava "desaparecido". Porém, o mistério já foi solucionado pela Comissão Nacional da Verdade. Ele, na verdade, foi preso em Buenos Aires em 1971 por uma equipe de agentes da repressão do estado brasileiro

O ex-deputado Rubens Paiva era um "desaparecido", de acordo com informações oficiais do regime militar. Porém, a Comissão da Verdade acabou com mais esse mistério. Foi revelado que Paiva foi morto nos porões do Doi-Codi

As informações oficiais sobre a morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek dizem que ele morreu em um acidente de carro no km 165 da Rodovia Presidente Dutra (São Paulo-Rio de Janeiro). Porém, também existem suspeitas de que JK possa ter morrido por causa de uma conspiração feita pela Operação Condor

Luiz Eurico Tejera Lisboa, o Ico, foi morto em São Paulo em 1972. Ele foi enterrado sob o nome falso de Nelson Bueno no cemitério de Perus. À época, a morte foi registrada como suicídio, mesmo seu corpo tendo sido encontrado com um tiro na cabeça. Porém, a Comissão da Verdade já desvendou o caso: Ico foi um dos 44 "suicidados" pela ditadura, que estão sendo investigados pela CNV

A morte do ex-presidente João Goulart no exílio ainda é um mistério. Muitos dizem que ele pode ter sido vítima de uma conspiração militar, que investigava seus passos fora do País. Além disso, também existem informações de que ele teria sido envenenado pela Operação Condor. Informações oficiais mostram que Jango morreu em decorrência de um ataque cardíaco

O ex-presidente Tancredo Neves morreu durante a transição democrática brasileira. Ele tinha sido internado um dia antes de sua posse por causa de uma diverticulite. Porém, morreu antes mesmo de assumir o cargo. Há suspeitas de que ele tenha sido vítima de uma conspiração militar

A morte do jornalista Vladimir Herzog foi considerada misteriosa por muito tempo. A versão oficial da época era a de que Vlado (como era conhecido) tinha se suicidado nas dependências do Doi-Codi (Destacamento de Operações de Informações — Centro de Operações de Defesa Interna), órgão do Exército dedicado à repressão política. Porém, a foto que mostra o jornalista encostando os pés no chão levantava suspeitas, pelo fato de ninguém conseguir se enforcar em uma altura como essas

No ano passado, o mistério terminou: o atestado de óbito de Vlado foi alterado. Sendo assim, o documento diz, agora, que a morte do jornalista aconteceu por "lesões e maus tratos sofridos durante interrogatório em dependência do II Exército (Doi-Codi)" e não por "asfixia mecânica"

A estilista Zuzu Angel morreu misteriosamente em um acidente de carro na saída do túnel Dois Irmãos. Ela denunciou o assassinato de seu filho, Stuart Angel Jones, por agentes do CISA (Centro de Informações da Aeronáutica), com base em relatos de companheiros. Como o filho tinha dupla cidadania (brasileira e americana), parte do comando da Aeronáutica foi afastada.